Resultado semestral indica que os estabelecimentos estão absorvendo parte dos custos para não perderem clientes
Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo IBGE na última quarta-feira (10), indicaram que a inflação da alimentação fora por lar cresceu 0,37% em junho, frente a um aumento de 0,44% dos alimentos e bebidas, principais insumos de bares e restaurantes, refletindo o desafio financeiro enfrentado pelos empreendedores.
A inflação no setor também subiu menos que a alimentação nos domicílios, que registrou alta de 0,47%. No acumulado do ano, o resultado é ainda mais discrepante: enquanto na alimentação dentro do domicílio o índice é de 5,59%, fora do domicílio é de apenas 2,36%.
Isso indica que os bares e restaurantes continuam segurando preços para não perder consumidores, ainda que isso signifique reduzir a margem do lucro.
No acumulado de 12 meses, o índice do setor alcançou 4,24%, em conformidade com o resultado geral de 4,23%, mas abaixo da alimentação no domicílio (4,89%).
Uma pesquisa realizada pela Abrasel, em junho, revelou a dificuldade enfrentada pelos empresários para repassar os custos adicionais aos consumidores.
Quando questionados sobre a capacidade de reajustar os preços dos cardápios nos últimos 12 meses, 39% dos empresários disseram não ter conseguido. 51% afirmaram ter realizado reajustes conforme ou abaixo da inflação e apenas 10% reajustaram acima da inflação.
“Os dados mostram que os bares e restaurantes têm absorvido parte dos custos adicionais. No entanto, esse movimento vem comprometendo ainda mais os resultados das empresas", afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
"A última pesquisa da Abrasel mostrou que, em maio, 64% dos estabelecimentos operaram sem fazer lucro. Além disso, 39% têm dívidas acumuladas. Esse cenário evidencia a dificuldade do setor em manter a competitividade e a viabilidade econômica”, completa Solmucci.